“Homem recém-casado não sairá à
guerra, nem se lhe imporá qualquer encargo; por um ano ficará livre em casa e
promoverá felicidade à mulher que tomou.” (Dt 24.5)
Deuteronômio 24.5-22 traz o registro
de diversas leis de caráter humanitário; ou seja, leis que valorizam os seres
humanos e que os protegem de abusos, de injustiças e de tratamentos desumanos.
A lei registrada no v. 5, para os
nossos dias, é uma lei fora de contexto, sem muita lógica e impraticável.
Dificilmente o exército brasileiro dará para um soldado recém-casado uma
licença remunerada de um ano simplesmente para que ele invista tempo no seu relacionamento
conjugal.
Esta lei isenta o homem recém-casado
de prestar serviço militar, de ser convocado para uma guerra, de prestar
serviço ao seu país por um ano, mesmo diante da ameaça de invasão e perda da
soberania nacional. Para nós, hoje, esta é uma lei fora de contexto sem muita
lógica e impraticável.
No entanto, amados, apesar de ser uma
lei absoleta, ultrapassada para os nossos dias, não podemos descartá-la
completamente; não podemos vê-la como imprestável e sem nenhum valor para hoje.
Deuteronômio 24.5 traz para os nossos
dias princípios práticos, aplicáveis e indispensáveis para o relacionamento
conjugal.
Quais são esses princípios?
1. A estabilidade do casamento deve estar acima de
outras estabilidades.
Uma nação em guerra corre sério risco
de perder o direito e o poder de dirigir e administrar o seu próprio destino.
Os cidadãos de uma nação em guerra
correm sério risco de perderem o seu mais precioso bem, a sua liberdade.
Ou seja, em tempos de guerra a
soberania, a segurança e a estabilidade de uma nação estão em jogo.
Esta lei, no entanto, isentava
qualquer homem recém-casado de ser convocado, recrutado para uma guerra por um
período de um ano.
Qual é o princípio aqui? A estabilidade
da família, do lar é mais importante que a segurança nacional. A estabilidade
do relacionamento conjugal é mais importante que a estabilidade de um país.
Qualquer nação do mundo é composta
por famílias. Não existe nação estável, estabilizada com famílias
desestabilizadas. Não existem famílias estruturadas com casamentos
desestruturados; não existem famílias estabilizadas com casamentos
desestabilizados; não existem famílias equilibradas com casamentos
desequilibrados.
Esta lei de Deuteronômio 24.5 valoriza a estabilidade do casal, e,
conseqüentemente, da família.
Nós vivemos numa sociedade onde a
busca frenética por estabilidade profissional e financeira tem sacrificado a
estabilidade do casamento. Quantos casamentos, hoje, desestabilizados, à beira
do fracasso porque marido e mulher, em busca de outras estabilidades, quase não
se vêem mais, não têm tempo um pra o outro, não conseguem mais achar um espaço
na sua agenda diária para conversarem, não conseguem mais sentarem-se para
compartilhar sonhos e anseios, conquistas e frustrações, medos e incertezas,
nem mesmo para compartilhar suas alegrias e sucessos.
Quantos e quantos casais hoje
desestabilizados porque valorizam mais dinheiro do que relacionamentos, porque
valorizam mais estabilidade financeira do que estabilidade conjugal.
Isso é um erro fatal! Constroem uma
situação profissional e financeira estável, mas destroem o casamento. Pagam as
contas no final do mês, quitam as dívidas financeiras, mas por outro lado geram
uma dívida relacional, sentimental, afetiva com o cônjuge e com os filhos,
impagável.
Não queremos aqui subestimar a
importância da estabilidade profissional e financeira para um casal, para uma
família. Por isso, não desperdicem as oportunidades que surgirem. Preparem-se,
qualifiquem-se para o mercado de trabalho, busque estabilidade profissional e
financeira.
No entanto, não façam isso em
detrimento da estabilidade do casamento; não façam isso sacrificando a vida
emocional, sentimental e afetiva do casal; não façam isso sacrificando a
relação com os filhos. Não cometam a insensatez de ganharem tudo e perderem um
ao outro, de alcançarem tudo e perderem os filhos.
Um dos lemas do ministério “Família
debaixo da graça” do Pr. Josué Gonçalves é: “Nenhum sucesso justifica o fracasso
de uma família”.
Mas, um segundo princípio que esta lei ensina é...
2. O desafio do relacionamento conjugal é promover
a felicidade do outro; é fazer o outro feliz.
Esta lei deDt 24.5 tem um propósito
implícito e um propósito explícito. O propósito implícito desta lei era evitar
que um homem morresse sem deixar descendência. Numa guerra havia uma grande
possibilidade do recém-casado morrer em combate deixando sua jovem esposa viúva
e sem descendência. Na cultura judaica daquela época isso era a pior tragédia
que poderia ocorrer na vida de um homem. Um homem morrer sem ter filhos
implicaria dizer que o seu nome seria apagado da história.
No entanto, há nesta lei um propósito
explícito. Veja!
“...;por um ano ficará livre em casa e promoverá felicidade à
mulher que tomou.” (Dt 24.5b – Revista e Atualizada)
“Durante um ano estará livre para ficar em casa e fazer feliz a
mulher com quem se casou”. (Dt 24.5b – NVI)
Homens e mulheres se casam pensando e
desejando ser feliz ao lado de alguém. É próprio da natureza humana a busca da
felicidade. Deus nos criou para uma existência feliz. A infelicidade que hoje
faz parte da existência e conseqüência da desobediência do ser humano. Todo ser
humano no seu estado normal almeja, deseja e busca a felicidade. Gostamos dos
filmes e novelas com um final feliz. Quando crianças, ficamos encantados com
filmes e contos de fada, de príncipe e princesa. Abrimos um sorriso e ficamos
eufóricos ao ouvirmos a frase final: “E viveram felizes para sempre!!!”
Não é diferente no que diz respeito
ao relacionamento a dois na vida real. Pessoas se casam desejando e sonhando em
ser feliz ao lado de alguém.
Pessoas se casam na expectativa de
que o outro o faça feliz. Acredito ter sido esta a expectativa de cada um de
nós ao decidirmos casar. Nenhuma pessoa, em sã consciência, se casa pensando em
amargar um casamento infeliz, na expectativa de usufruir do azedo da vida.
Ninguém se casa desejando se “ferrar”! Pessoas se casam sonhando em ser feliz
com alguém!
No entanto, este texto revela que o
desafio do casamento não é ser feliz ao lado de alguém. Mas, é promover a
felicidade de alguém, é fazer o outro feliz. Isso não é um jogo de palavras! Na
prática, isso faz uma grande diferença no dia a dia da vida a dois.
Casar-se pensando em ser feliz leva o
cônjuge a ficar na passiva aguardando que o outro o faça feliz. Casar-se
pesando em fazer feliz leva o cônjuge a ficar na ativa, sendo um bom
observador, querendo saber o que o outro gosta, sentindo prazer no prazer do
outro, e, dentro das possibilidades, fazendo o possível para promover a
felicidade do outro.
No entanto, quantos e quantos casais
frustrados, decepcionados porque se casaram apenas na expectativa de que o
outro o fizesse feliz. Esta é uma expectativa normal, lícita, porém, egoísta.
O egoísmo tem sido o grande vilão de casamentos infelizes. O egoísmo faz
com que o cônjuge concentre-se em si mesmo, no seu prazer pessoal. O egoísmo
leva o cônjuge a fazer “o mundo familiar” girar em torno de si mesmo. O egoísmo
leva esposos a não cederem em suas decisões, em seus gostos pessoais mesmo que
isso gere um desprazer generalizado no seio da família. O egoísmo leva esposas
a pensarem em si mesmas e na satisfação dos seus caprichos pessoais, mesmo que
isso gere um incômodo na relação conjugal. O egoísmo não permite ao cônjuge
pensar na felicidade do outro.
Porém, um princípio claro nesta lei é
que quando um homem e uma mulher resolvem se casar devem ter em mente não
somente o ser feliz ao lado de alguém, mas, principalmente, o promover a
felicidade de alguém.
Esposo você quer ser feliz ao lado de
sua esposa? Então promova a felicidade dela! Esposa, você quer ser feliz ao
lado de seu esposo? Então promova a felicidade dele! Porque o propósito do
casamento não é ser feliz ao lado de alguém, mas é fazer o outro feliz.
Conclusão
Gostaria de concluir reafirmando: o
desafio do relacionamento conjugal é promover a felicidade do outro. No
entanto, jamais a felicidade deve ser buscada a “qualquer custo”. “Felicidade a
qualquer custo” é filosofia de vida mundana. Um dos principais lemas da nossa
sociedade hoje é: “O importante é ser feliz!!”
Quando casais vivenciam crises, o
amor “Eros”, o amor ”paixão”, o amor “sentimental” não resiste. Então,
frustrados, decepcionados um com o outro, casais tem buscado “atalhos” que os
levem e tragam de volta a felicidade perdida. Vejamos alguns desses atalhos!
· Aventuras amorosas – maridos buscam ser
felizes nos braços de outra. Esposas buscam ser felizes nos braços de outro.
· Divórcio – quantos e quantos
casais hoje vêem no divórcio o caminho de volta à felicidade perdida. E se
enganam!
A Palavra de Deus não ensina, não
orienta, nem incentiva a busca da felicidade a “qualquer custo”. A felicidade
do casal precisa está vinculada aos princípios e valores da Palavra de Deus. A
felicidade do casal está estritamente ligada à promoção da glória de Deus.
Portanto, façam um ao outro feliz, e
promovam a glória de Deus no seu casamento.
Pr. Paulo César
Nunes do Nascimento